Fonte portasabertas.org.br
Desde o início da Primavera Árabe, regimes ditatoriais caíram e governos islâmicos tomaram seus lugares. Todo esse cenário de protestos deixou muitos cristãos do Oriente Médio preocupados sobre o que o futuro tem reservado no que diz respeito ao aumento da perseguição
Uma das formas de entender o dinamismo cultural do Oriente Médio e suas inquietações é através da presença das comunidades cristãs. O presidente da Portas Abertas Estados Unidos, David Curry disse, "nas ultimas décadas temos visto a porcentagem da população cristã do Oriente Médio cair de e 20% para 4%".
Isto não é resultado apenas do alarmante sofrimento dos cristãos, mas também das mudanças drásticas que estão acontecendo na região. "Em uma ou duas décadas, a menos que façamos algo sobre isso, é possível que o cristianismo seja extinto em seu local de nascimento".
A realidade é que no Paquistão, Egito, Síria, Palestina, Afeganistão e Iraque – territórios onde o cristianismo existe há dois mil anos, a presença cristã é cada vez mais identificada como algo nocivo ao Islã. Curry explica: "Algumas discriminações são mais amenas. Algumas se tornam perseguições intencionais contra os cristãos. Em outros casos, os ataques e assassinatos deliberados estão levando os cristãos a fugirem de suas casas. Eu acredito que a população cristã está sendo expulsa do Oriente Médio".
Independente disso, a atual repressão comunica claramente que os seguidores de Cristo não são bem-vindos como membros da sociedade. Se nada mudar, permanece a questão: há futuro para os cristãos no Oriente Médio?
Em 27 de setembro, um grupo de acadêmicos, políticos e parlamentaristas (todos cristãos) se reuniram em Amã, Jordânia, para tentar encontrar uma resposta para esta pergunta. A reunião foi intitulada "Os cristãos do Oriente à luz da Primavera Árabe".
O grupo discutiu sobre as leis da terra, sobre as mudanças nas leis e práticas de liberdade religiosa, o impacto disso no Corpo de Cristo e finalmente, expectativas para o futuro.
Desde que as constituições nesses países (exceto Líbano) presumem que "O Islã é a religião do Estado", a Sharia (lei islâmica) tem sido fonte da legislação destes Estados. Curry disse, "basicamente é ilegal você decidir por si mesmo no que quer crer. Isso tem implicações perigosas para aqueles cristãos que vieram de outra religião e que consideram que devem ser reconhecidos como seguidores de Jesus. Em muitos casos, isso o leva diretamente para a morte".
O "genocídio religioso" é sistemático e tem proteção legal. Hoje, mais de um milhão de cristãos fugiram do Iraque. Meio milhão de cristãos deixaram a Síria, onde havia cerca de 2 milhões. No Egito resta uma Igreja remanescente. No Líbano, a ameaça é óbvia.
Curry observa que mesmo com o impacto óbvio do Islã no Corpo de Cristo "o cristianismo não está à beira da extinção no Oriente Médio porque perdemos a batalha das ideias. Estamos à beira da extinção no Oriente Médio porque estamos sendo perseguidos, porque estamos sendo expulsos de nossas casas, somos alvejados até a morte".
Quais são as formas possíveis de lidarmos com o que se tornou uma das maiores catástrofes humanitárias do nosso tempo? Curry leva a questão mais adiante.
"Seja consciente. Primeiro de tudo, eu acho que há um elemento nesses grupos extremistas, que por falta de uma palavra melhor, devo chamar de ‘imperialista’. Eles acreditam que podem impor sua fé ao seu povo. Eles farão isso em seus países e depois tentarão fazer nos nossos".
"Seja ativo. Leve em consideração que o evangelho continua se expandindo. Compartilhe essa situação com os membros de sua igreja."
"Ore. Há uma premissa das Escrituras que diz, ‘quando um membro do Corpo sofre, todo o Corpo sofre com ele’. Neste momento há membros do Corpo que estão sofrendo; não poucos, mas milhares de pessoas que não têm liberdade de analisar e escolher por si próprios como podem compartilhar sua fé".